Lúcia trabalha na mesma empresa há dezesseis anos. Viu muita gente passar pela tradicional distribuidora de bebidas da região. Uma empresa familiar, que conserva aqueles aspectos meio caseiros, como móveis que a gente que olha tem certeza que ficariam muito bem em algum antiquário, ou até mesmo na casa dos proprietários. Uma dificuldade imensa em assimilar os tempos modernos está espalhada em todos os setores desta empresa, alguns funcionários da mesma época de Lúcia simplesmente não agüentaram a onda de mudanças e foram embora. Lúcia ficou resistindo ao tsunami de informações e correções a que deveria se submeter. Escrever e-mails com uma linguagem corporativa adequada? Para quê essa frescura? Esse é o comentário que ela faz à sua colega de setor, na mesa ao lado. A resposta é sempre algo motivador, que tende a transformar a questão em algo supérfluo: “Não liga, boba, é o gerente novo querendo mostrar serviço, logo isso passa”.