Anitta e outros superestimam a juventude militante. O governo e a mídia, também.
Os nossos estimados jovens, há tempos considerados depositários
maiores das virtudes que a humanidade espera, tornaram-se objeto de disputa
política nos últimos dias. Eu disse “considerados” porque, mesmo quando eu era
jovem, já não caía nessa.
Como em tudo que é caótico e desordenado, a iniciativa veio da
classe artística progressista, com campanhas para que estes jovens tornem-se
eleitores, com o firme propósito de votar nos candidatos da esquerda. A iniciativa,
claro, rendeu uma reação dos conservadores mais apaixonados, que postam constantemente
fotos dos seus filhos adolescentes apoiando o atual governo. (Acho que fora do
ângulo das fotos, deve ter um pai ou mãe com uma arma apontada para os rebentos,
mas só desconfio).
Esses jovens nasceram, ali pelo ano de 2006. Fiz questão de
dar uma passada nos fatos naquela época em que nasceram, em busca de algum fato
sobrenatural que justifique considera-los especiais. Talvez a chegada de algum
profeta, ou a aparição de algum anjo. Verifiquei também estrelas cadentes, tsunamis,
desastres aéreos (esses aconteceram), meteoros, cometas, nada encontrei. Foi um
ano como qualquer outro, principalmente por aqui, quando o Lula foi reeleito
sob as bênçãos do PSDB, na época, a melhor oposição que qualquer governo
gostaria de ter. Pensando melhor, esse último fato pode ser a explicação.
Formados pela pior educação formal e informal do planeta,
quem tem 16 anos está hoje no limbo da vida. Já chegou a ser cogitado que essa é primeira geração cujo Q.I é menor que o dos pais. Para os que tem a sorte de ter
pais conscientes e professores melhores, a mera discussão política está bem longe da
sua realidade, apesar de não ser totalmente ignorada. Estão preocupados com os estudos, uma maneira de assumir
responsabilidades, escolhendo profissões, ter a própria renda, e talvez, mas só
talvez, quem sabe, um amor heterossexual para chamar de seu. Quase uma utopia.
Já os outros pensam sempre no que a cultura pop pode oferecer-lhes
de melhor. Tornam-se infuencers (que não é profissão), pensam sempre
numa maneira de não trabalhar, não estudar e ganhar algum dinheiro. O tráfico de
drogas é sempre uma opção. Juntam-se aos chamados coletivos culturais, e
aprendem a repetir todas as frases prontas do analfabetismo progressista,
recheadas de toxicidade, linguagem neutra, cabelos verdes e sovacos peludos. Participam
das passeatas dos movimentos estudantis, e como não são de ferro, vão se
reproduzindo antes mesmo de começar a trabalhar. Aí nesta hora, começam a
defender também o aborto.
Mesmo com todo esse barulho, quem conseguir mobilizar mais
jovens, vai apenas conseguir mobilizar mais jovens. Não há relevância real neste
cenário, além de uma certa comoção, comum, pela juventude, eternamente perdida.
Eles dificilmente serão o peso da balança numa eleição nacional. Mas não podem
ser deixados de lado, pois pautas identitárias e de costumes costumam atrair essa
geração de distraídos inocentes, e a tal comoção atinge seus pais, que por mais
que a gente não queira acreditar, a maioria é igualmente adolescente, só que pagam os
boletos.
De tempos em tempos, surge a pauta da Redução da Maioridade
Penal. Já falei sobre isso aqui, no ano de 2015. Se a consciência política é
considerada madura aos 16 anos, a consciência cívica e dos direitos e
responsabilidades de um cidadão também deveria. Aos 16 anos, o jovem que
escolhesse votar, deveria assinar sua emancipação e assumir plena
responsabilidade por todos os seus atos, incluindo aí os atos criminais.
Na cultura americana, 16 anos já é suficiente para assumir suas
besteiras. Uma diferença que provavelmente nunca vamos tirar. Assim podemos concluir com facilidade: os
jovens de 16 anos americanos devem morrer de inveja dos nossos.