Ao ler a revista Veja desta semana, encontrei um artigo interessante, não interrompido pelas contínuas propagandas que recheiam a publicação. Aliás, é comum as pessoas geralmente não assimilarem o conteúdo integral das matérias, pois estão o tempo todo interrompendo suas leituras com os imensos intervalos comerciais da revista. Dá até pra esquecer o que se dizia no início da reportagem com tanta propaganda.
Mas, enfim, o artigo de Reinaldo Azevedo criou um movimento que só existe na cabeça dele, o MSB - Movimento dos Sem Bolsa. Uma piada de bom gosto que o autor criou para elucidar as vaias ao Presidente Lula no Maracanã. Pois bem, Reinaldo afirma que as vaias são da classe média descontente, e no artigo coloca os medianos na condição de "verdadeiros negros do Brasil".
Muito inteligente essa observação, a classe média, que sustenta os seus filhos à base dos shoppings e colégios particulares realmente não tem bolsa de auxílio do governo. Paga mais impostos, logicamente por que consome mais e tem mais acesso do que a classe bolsista aos mimos tecnológicos que sua renda pode oferecer.
Porém, a classe média também é a responsável por parte dos fatos bizarros que vemos no país, e não é o fato de muitos deles terem se dizimado na tragédia do vôo 3054 que vai mudar sua responsabilidade diante de situações como domésticas e senhores espancados, índios queimados, fraudes de vestibular e tantas outras obras, resultantes da educação frouxa e sem embasamento moral que a classe média ostenta, apoiada nas facilidades da vida moderna. Lula jamais dará bolsas à classe média, pois sabe que ela tem inteligência suficiente e influência monetária para forjar-se de classe baixa, e ganhar qualquer bolsa que queira. A classe média continuará ocupando as vagas nas Universidades Públicas, porque paga, junto com os tais impostos, os melhores cursinhos, e a cena que vemos depois disso é de bares cheios de classe média, matando aula e engrossando a lista dos futuros profissionais do país.
Realmente, nenhuma das classes, média ou baixa, merece alguma bolsa. A classe baixa já conhecemos,votou no Lula, mas o que esperar da chamada classe média?
Esperemos cada vez mais por domésticas espancadas, advogados corruptos, erros médicos, festinhas que acabam em overdose, tudo isso feito por gente da moda, influenciadora, quase no topo da cadeia alimentar da sociedade. Esperemos por cada vez mais patricinhas e mauricinhos nas baladas, dando entrevistas nos programas de domingo sobre seus valores e estilo de vida, e ditando, superficialmente as regras de uma classe que encontrou em Reinaldo Azevedo, da Revista Veja, um ferrenho defensor das suas "qualidades".
Realmente, a classe média não tem quem os proteja, e se houver justiça, continuará assim.