Este assunto me assusta um pouco. Após a Pós-Graduação pensei em dar aulas na minha área, Comunicação e Marketing. Deparei-me com o corporativismo sanguessuga das instituições particulares, e do sucateamento moral do ensino público, para o qual tenho duas opções para entrar, caso mantenha essa idéia, o que é
improvável: prestar concurso (e imediatamente me vem o ENEM e o ENADE à memória) ou participar de um Processo Seletivo Simplificado. Qualificação não me falta, tenho certeza, mas agora também não me importo mais, preocupo-me com os sobreviventes professores deste imenso mar de lama, cheio de influências e favorecimentos, que resulta no desânimo de um classe que sustenta a responsabilidade de ser, hoje, a maior motivadora do desenvolvimento humano. Preocupa-me por que gente interessada como a Canela, professora e produtora cultural, em cujo texto me inspiro agora, faz de suas horas/aula e horas extra aula uma verdadeira estratégia de batalha em busca do improviso para alcançar uma qualidade esperada na sua função. Contrapondo-se a isso, o Sistema Educacional, em conjunto com a sociedade, formam barreiras intransponíveis para que haja um resultado decente, com aprendizes que tenham o mínimo de preparo para o que chamamos de "vida em sociedade". O cheiro das cópias em mimeógrafo está impregnado, enquanto o mundo sonha com alunos usando IPads,antes mesmo de lerem seu primeiro livro impresso.
Não haverá, em hipótese alguma, plano ou estratégia governamental de incentivo à Educação que funcione, num país que mina a autoridade intelectual e moral dos seus professores. Podem abrir as comportas do erário, construir escolas, faculdades, universidades, despejar livros e computadores sobre essas pessoas, que nada disso vai funcionar caso a sociedade não coloque um parâmetro decente e comportamental na juventude. O amor à profissão faz com que profissionais como a Edilene se desdobrem em favor de meninos e meninas favorecidos pela preguiça e falta de responsabilidade que lhes são impostas pelas leis civis do país. É criminosa a competição libertina à qual são sujeitados, em vestibulares, direcionamentos vocacionais, ao mesmo tempo em que são facilmente comprados pela sedução da vida boa que a mídia lhes oferece, defendendo todo e qualquer desmando, natural na sua condição, mas que deve ser repreendido e corrigido. Pais ausentes entram como os grandes agentes da desmoralização e falta de caráter de seus filhos, cujos docentes pouco podem fazer para lhe imputar uma informação sadia e cultural.
Em um bate bapo recente que tive com a Canela, ela optou por tornar a questão apartidária. E ela tem razão, é problema generalizado e sem responsáveis únicos. E hoje é apartidário simplesmente pelo fato de não haver um pensamento contrário à libertinagem explícita do pensamento político governamental predominante, e suas infindáveis tergiversações.
Enquanto houver esse pensamento único e libertino, não há dinheiro nem recurso que mude o cenário a longo prazo. As boas soluções partem de iniciativas particulares em pontos isolados. O sistema continua cego e corrupto. A justiça está vendada para os docentes do país. E mais um ano letivo começa, boa sorte à Canela e à todos os seus parceiros GLS: Giz, Lousa e Saliva. E não esqueçam dos mimeógrafos.
Jamais me calarei @allanlpereira
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