Não posso negar que fiquei comovido com a argumentação de Arnaldo Jabor, no último dia 04 de agosto. No seu comentário na rádio CBN, Jabour, um cineasta, mostrou-se indignado com os olhos da humanidade que, com certeza, darão muito mais valor a “Batman” e “A Múmia”, do que ao brasileiro “Era uma vez.” Claramente, chamando o nosso cinema de “emergente”, ele acerta. Porém, a crítica, direcionada à virtualidade do entretenimento americano, com toda a sua tecnologia, é fruto de certa frustração de um setor da arte brasileira que muito faz, e ao mesmo tempo, nada faz. Numa eterna dependência de patrocínios governamentais, o cinema nacional não parece querer acompanhar a tal evolução tecnológica, apesar do indiscutível salto de qualidade dos últimos anos. A sétima arte é uma arte que não pertence ao “povo” brasileiro, assim como, em breve, o futebol não pertencerá mais. É uma tendência séria, que parte do pressuposto que, mesmo com o aumento do poder aquisitivo das classes mais pobres, o interesse cultural continuará sendo a novela, a música comercial repetitiva e banal, o Orkut e tantas outras formas de entretenimento que não tomem, diretamente, o dinheiro dos ingressos. Estes últimos podem ser facilmente substituídos pelo download, pois já temos o “Computador Para Todos”, ou ainda pela indústria perversa da pirataria. Como um bom “amigo ouvinte” de Arnaldo Jabor, creio que a contemplação da simplicidade para a qual ele apela no seu comentário, é apenas característica de uma camada mais abastecida de cultura da população (o que não quer dizer, necessariamente, só os ricos) e fatalmente, o cinema nacional deverá, cada vez mais, ver os investimentos da iniciativa privada direcionados aos comerciais do horário nobre da televisão. Assim, sempre vencerão os monstros feitos no computador, enlatados americanos, indianos, entre tantos outros “defeitos especiais”, batendo recordes nas bilheterias brasileiras. Uma boa solução para o cinema brasileiro é deixar de ser cinema, ser virtual, acompanhar a tendência, filmes de graça na WEB, custeados por patrocinadores governamentais ou não. Com a obsolescência do Ministério da Cultura a resposta está na inovação do próprio setor, afinal, pode-se até não acreditar neles, mas, a exemplo das bruxas, monstros virtuais também existem.