-->
Nos áureos tempos da produção midiática mais séria (sim, estes tempos já existiram, com poucos registros, infelizmente) o show era alimentado pelo achado de bons artistas, não havia muito oportunismo, ou existia talento, ou não havia oportunidade. Afinal, a audiência era mais qualificada e dificilmente passaria “qualquer coisa” pelo seu crivo, uma posição crítica que não existe mais, afinal a televisão é hoje um produto popular, está presente em todos os lares do país, de uma forma assustadora e logicamente, com uma vantagem comercial imensa.
Atualmente, transforma-se em produto de mídia a vida de populares que nada tem para oferecer. Lembro que estou falando de produção cultural. Tenho certeza de que a vida de cada pessoa neste mundo é uma história pra lá de interessante, mas estamos falando de arte aqui, antes que me acusem de desmerecer a vida da população. E no final de tudo, a sociedade acaba por retribuir a essas pessoas com privilégios que somente seriam conquistados à custa de muito trabalho, por verdadeiros artistas.
Prejuízo Causado
A hiper-qualificação de não-artistas é fator propulsor da desvalorização dos bons artistas. Calma, não precisa surtar agora, vou explanar o real motivo. Começamos pelos reality shows sem objetivo técnico, como é o caso do mais famoso, o Big Brother, e por golpes de visibilidade midiática, como foi o da estudante Geisy Arruda. Essas pautas ocupam espaço precioso na mídia impressa, internet, televisão e rádio, e acumulam uma dissonância invejável e insuportável, durante um tempo que poderia ser melhor aproveitado com produções mais relevantes. Observemos juntos, há quanto acabou o BBB, e também há quanto tempo aconteceu aquele fato grotesco com a Geisy. Hoje essas pessoas ainda são pautadas como celebridades, estão em programas de TV, sites, revistas, suas imagens são exploradas e perseguidas em todos as suas atividades, almoços, baladas, promiscuidades e excentricidades forçadas em geral, enquanto sabemos que há bons artistas que não estão acessíveis, permanecendo nas famosas geladeiras. Até hoje o público do cinema nacional e das telenovelas testemunha as frustradas tentativas de transformar Grazi Massafera em atriz. Juliana Alves, outra ex-BBB é uma eterna coadjuvante. Na infame Rede TV, Iris Stefanelli conseguiu tirar o próprio Nelson Rubens do sério, e Sabrina Sato foi convencida de que é humorista. Caro leitor, afirmo, não é culpa deles. É de quem assiste. Pausa para as imagens comentadas.
Minha versão dos fatos para Geisy Arruda: Foi humilhada publicamente por que usou um vestido curto e rosa numa faculdade. Por perto passavam alguns advogados espertos que perceberam ali uma oportunidade única de explorar tal situação. Some isso à uma mídia louca por escândalos e injustiças e mais uma assessoria de comunicação incompetente na Uniban. Está feito, Geisy Arruda é hoje um case de sucesso. Só não entendo como reclamaram por ela usar um vestido curto e ninguém protestou quando ela foi á praia desse jeito.
Grazi Massafera, beleza e simpatia bastam para ser atriz?
Juliana Alves. Fez várias participações na Televisão como atriz. Estuda Psicologia. Sua melhor atuação até agora, foi na Playboy. Nada pessoal. Fico na torcida pela formatura e que abra um consultório.
Nelson Rubens, jornalista especializado em celebridades, com Iris Stefanelli. A ex-BBB também andou pela Playboy, mas não teve sucesso. Recentemente foi afastada do cargo de apresentadora do TV Fama com Nelson Rubens, e está com um novo quadro no programa (deve ser filha de alguém importante). Suas recentes declarações afirmam que ela tem vontade de "crescer na televisão". Oremos.
Sabrina Sato e a equipe do Pânico na TV. Confesso que só assisti uma vez e um pedaço do programa. Ainda estou em pânico. No rádio, ainda não me arrisquei a ouvir. Talvez Sabrina seja hoje a ex-BBB mais ambientada em um programa de TV, ali estão todos no mesmo nível.
Solução
Lamento. Mudar o gosto e o critério seletivo popular a esta altura, somente com um poder sobrenatural, divino, e a fé não é o forte da nossa sociedade. O país precisaria de uma reciclagem cultural profunda a níveis jamais alcançados, talvez redescobri-lo, remoldar o senso crítico, a educação básica, a política, a civilidade, a cidadania e o patriotismo, este último, mesmo fora da época da Copa do Mundo de futebol.
Mas enquanto isso não acontece... opa! Uma notícia de última hora! “Eliezer encontra Cacau no Aeroporto”.
Ah, sei lá, achei que alguém quisesse saber.
Eliézer nos deu de presente expressões como "rolão" (desodorante roll-on) e "pó-de-chinelo" (aquele famoso exercício, o polichinelo). Quanto à empresária Cacau, bem, ela ofereceu ao público muito mais do que isso. Ah, tá bom, não podemos viver sem eles!